terça-feira, 26 de março de 2013

Resto de vida

Começou vagarosamente pelo ar, adentrando por meus pulmões, mergulhando em meus alvéolos e fixando-se em meus eritrócitos como um monóxido de carbono, foi poluindo-me, matando-me.
Sentir-me nauseada sem saber o porquê, procurando um meio de passar essa sensação estranhamente desagradável;
Fiquei remexendo com um verme em uma carne apodrecida qualquer, desesperada para que essas mazelas sumissem rapidamente de mim.
O que eu não esperava era perceber que tudo o que me fazia mal deixava-me com o gostinho de viver, de perceber que eu não era o vazio que tanto indagava ser, mas por um instante tive nojo do ser humano vazio que fui, aquele ao qual nada era tão interessante para tirar-me da monotonia da vida.
Hoje estou agarrada ao que ainda resta de mim, esse ser humano fraco e frágil, totalmente desesperado para conseguir mais um pouquinho de vida e degusta-la como um sorvete.

-Bárbara Feitoza




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