terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sonhos denegados

Projetei minhas quimeras na imensidão de outrem, onde meus devaneios conscientes conduziram meus sentimentos sublimes a uma existência que não existia, era só uma ilusão.
Meus projetos eram truncados em si, e formados por uma película delgada de uma sordidez que me consumia aos poucos.
A imundície do mundo penetrava em mim facilmente, me corroía com sua baixeza necessária para o equilíbrio do planeta.
Mas o mundo não era o mesmo, já estava manchado de sangue inocente e não adiantava escoar sua sordidez para mim.
O mundo esmagara toda minha projeção distorcida de realidade e afogou meus sonhos projetados.
O mundo me amordaçou, impedindo-me de prosseguir.

- Bárbara Feitoza

domingo, 28 de outubro de 2012

A despedida


   Tudo começou em um dia como outro qualquer, segui entre as cerejeiras em meu jardim e fui olhar o mar.
Caminhando pela praia começei a procurar pequenas conchinhas, mas não as encontrei.
Como de costume sentei e senti a brisa em meu rosto, e aquela sensação de liberdade que o mar me trazia e sempre me trouxera, decidi então escrever. Escrever era um hobby para mim, eu que não conseguia escrever textos grandes, mas meus pequenos textos realmente comoviam aqueles que os liam.É verdade que sempre ia escrever na praia, mas algo diferente ocorreu desta vez, sentimentos estranhos começaram a surgir dentro de mim, uma angustia que eu jamais sentira antes, lágrimas começaram a cair dos meus olhos e eu não entendia o porque.
   Derrepente surgiu uma pessoa  a minha frente, eu assustada recuei, mas não havia tempo, ele me agarrara e não vi mais nada, tudo se apagou.
Acordei em minha casa, mas não podia me mover, estava amordaçada e amarrada.
Vi um homem subindo as escadas, tive medo, mas nada podia fazer.
Ele me olhou, com seus olhos negros e brilhantes, senti um arrepio percorer meu corpo, e o vi seguindo em minha direção com uma feição que jamais tinha visto antes.
   Percebi um objeto reluzindo em sua mão,observei-o bem, e deduzi que era uma faca.
Senti um golpe em meu pescoço e vi meu sangue rubro manchar o assoalho, gritei...
Olhei em direção ao homem e o vi com um sorriso de prazer.
Senti tudo ao meu redor girar, então cai...
Vi uma luz, mas meus olhos estavam muito pesados, então eu os fechei...foi o fim.

-Bárbara Feitoza


sábado, 27 de outubro de 2012

Enjaulados

Pare!
Pare de refletir!
Pare de pensar!

Continue a ver o que coloco na televisão, na internet, no rádio.
Não me questione, apenas aceite.
Não leia, não se informe.
Continue sob minhas rédeas.
Gaste seu dinheiro!
Afunde-se em dividas!
Não se alimente!
Não desperte.
Viva para mim.
E eu explorarei você até sua morte!

-Bárbara Feitoza

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Meus pedaços

Morro um pouquinho todo dia, todo instante.
Nesse pouquinho eu perco meus pedacinhos que caem ao chão.
Esse chão podre que corrói, dilacera e por fim putrefa quem eu fui.
E quem sou vai sumindo, ficando transparente aos olhos de outros, mas não aos meus.
Meus pensamentos vão sumindo, se apagando e eu me esquecendo que eles existiam.
Minha própria existência já não existia mais do mesmo modo que existia.
E foi findada pelo tempo que me consumia.

-Bárbara Feitoza


Luz e trevas

Quando o sol se põe, o mundo se transforma!
Criaturas estranhas começam a surgir de repente à vagar pela escuridão.
A lua começa a despertar, e aos poucos vai iluminando o que se forma ao seu redor.
Pequenas pintinhas no céu começam a brilhar, assim surgem as estrelas e pequenos corpos celestes.
Mas as criaturas não dependem de si, precisam da escuridão total para ser.
Nuvens começam a se formar,  acusando em segredo, sorrateiramente, o que está por acontecer.
As criaturas percebem que há uma chance de ser e são, são tudo o que não podem ser quando há luz.
Tudo se transforma novamente, o que era belo já não é mais, as criaturas agora são horripilantes.
Mostraram realmente suas faces, enterraram na luz sua beleza e mostraram nas trevas um eu irreconhecível.
Aproveitaram essa oportunidade única de ser e comemoraram sua liberdade momentânea, mas aos poucos, as nuvens foram sumindo e mostrando o sol que nascia. E as criaturas foram voltando a ser o que não eram, copias iguais em um mundo que só conhecia suas máscaras.
E tudo voltou a ser uma farsa.

-Bárbara Feitoza




Palavras

Escrevo com palavras que não são minhas, mas com um sentido que é o meu.
São palavras soltas, bagunçadas e muitas vezes jogadas no vento do meu eu.
Um eu que é construído e moldado por palavras que saem da minha boca e da sua boca.
E seguirei escrevendo palavras sem um sentido próprio, sem um sentido único.
E vou moldando tudo o que vejo à palavras que escrevo em um pedaço de papel.
Amontoando tudo, caraterizando com um jeito que é só meu.

-Bárbara Feitoza


 




quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Abandono

Vaguei por entre as noites, sozinha!
Por que me deixaste aqui?
Por que?
Procurei incessantemente por você, mas não te vi.
O sofrimento bateu em minha porta e eu o deixei entrar.
Não fiquei mais sozinha.

-Bárbara Feitoza




quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Livro - A hora da estrela

Bem, achei legal esse livro, de Clarice Lispector. Uma linguagem simples e fácil de entender  assim como a personagem principal Macábeia.

Vivendo em si

Pessoas são verdadeiros monstros enjaulados em si mesmos, vivem presos esperando a hora de sair, libertar- se.
Essa espera angustiante por uma liberdade que não existe é o pivor de muitos retrocessos sobrenaturais que fazem.
Uma pura ilusão de realidade.
Uma mentira.
E ao se anteciparem aos fatos predestinados, só se machucam.
E acabam voltando para dentro de si.
Vivendo em seu próprio universo.

-Bárbara Feitoza



domingo, 21 de outubro de 2012

Construção de um nada

Comecei a existir do nada e a partir dai fui me fazendo por mim mesmo.
Construindo um eu que absorvia o que ocorria ao seu redor, aprendendo e nunca sendo o mesmo eu.
Era uma copia de outrem que sem saber que copiava a alguém ia se fazendo, transformando-se.
Me tornei só mais um ser  que não existia por si só, um ser incompleto que se completava.
Que aos poucos ia morrendo inconscientemente, até se tornar um nada consciente.

-Bárbara feitoza



Raios na escuridão.

Tudo começou no vazio que perdurava na escuridão do meu ser, dai surgiram cores que começaram a me transformar em essência única e copia de mim mesma.
O vazio não mais existiu, e tudo prosseguiu como raios de sol em dias de verão, iluminando minha escuridão.

- Bárbara Feitoza